quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Se o que eu sou é também o que eu escolhi ser...


Assim diz o trecho de umas das minhas músicas favoritas. Sempre que eu a ouço, fico refletindo sobre a dificuldade de ser o que se escolhe ser. E é impressionante que muitas vezes quando fazemos uma escolha com grande convicção, nos decidimos e pronto, não importa o que nos dizem a respeito dessa escolha, o quanto ela é errada, o quanto estamos equivocados, o quanto iremos nos arrepender futuramente, não importa, nada disso é considerado por nós, estamos dominados por uma grande determinação, euforia, força de vontade, ou como outros preferem dizer, teimosia.

Mas façamos dessa escolha ainda que posteriormente frustrada, uma razão para seguir em frente, procuremos os aspectos positivos que ela nos trouxe, ainda que não sejam grande coisa aos olhos dos mais ambiciosos. Que possamos aceitar a condição, as responsabilidades e as conseqüências daquilo que escolhemos ser.








quarta-feira, 31 de março de 2010

Saudades

 Para onde ou para quem você corria quando fazia uma travessura de criança, e queria se esconder das punições de mãe ou de pai? Não sei qual era o seu refúgio. O meu era o colo da minha avó, sempre acolhedor e receptivo. Ela sempre secava as minhas lágrimas, deitava minha cabeça nos eu colo e acariciava meus cabelos, dizendo palavras tão doces, que me faziam embalar num agradável sono.

A minha avó foi a pessoa mais batalhadora, esforçada e humana que eu já conheci, sua história de vida é digna de um livro. Sua conduta de vida sempre foi um grande exemplo para mim, ela nunca reclamava de nada, sempre lutou pelas coisas que queria, sempre soube perdoar e estender suas mãos para quem necessitava, nunca perdeu a fé, nunca deixou de acreditar nas coisas boas, nunca deixou de acreditar na cura.

Por todos os lugares que a via passar ela deixava mensagens de esperança, de paciência, de amor, ela fazia amizades facilmente, com pessoas de todas as idades, principalmente pelos hospitais e clínicas de fisioterapia por onde passava.

A sua mente era tão sã, que mesmo após os mais de 80 anos não deixara de ter uma memória prodigiosa, e seus sentidos eram mais aguçados do que os de muitos jovens.

Quando cuidava de mim e de meu irmão enquanto meus pais trabalhavam, ela já tinha 70 anos. Eu me lembro das estórias que ela contava para nos distrair, eram histórias sobre a sua vida, sua infância, histórias que minha bisavó, que era índia lhe contava, além dos clássicos como gato de botas, Rapunzel, que estavam impressas e desenhadas nos dois lindos livros de fábulas que ela tinha. Ela nos estimulou a estudar, a ler, mesmo sendo analfabeta.

Os seus olhos com o passar do tempo, ficaram cada vez mais carregados de doçura, eram tão reluzentes quanto os olhos de uma criança, assim como o seu paladar, que preferia doces, chocolate, biscoitos e iogurtes.

O único empecilho que a incomodou, mas não a limitou foram seus joelhos, que após tantos anos de trabalho, apresentaram os sintomas mais dolorosos da osteoporose e artrose. Mas isso não a impediu de lutar, mesmo quando as forças estavam escassas, o que a fez vir a se locomover com uma cadeira de rodas, ela não se deu por vencida e em poucos meses com exercícios e fisioterapia ela já estava andando normalmente novamente, com passos lentos, mas firmes.

No mês passado, em fevereiro, dia 19, completou um ano que ela faleceu. Um ano sem minha avó. Seu quarto vazio, seu canto no sofá da sala vazio, mas ainda assim, cheios da sua presença.

Nunca vou me esquecer dos últimos dias que estive com ela. Em um horário de visita no hospital, eu fui com meu tio vê-la, conversamos com ela, demos comida para ela. E no momento de despedida, ela segurou forte a minha mãe, e não queria me deixar sair, pedindo para que eu ficasse. E eu contendo as lágrimas, disse que eu só ia comer um lanche, e que depois voltaria para ficar com ela. Ao que ela disse “Lanche, não. Não coma lanche minha filha, coma comida, arroz e feijão. Lanche não faz bem”.

Até o último suspiro ela lutou para vencer a pneumonia que a acometeu. Ela esteve quase um mês internada, chegou a ficar duas vezes na UTI, mas progredia e voltava para o quarto. O exemplo mais fiel de luta, persistência e fé que eu conheci, foi a minha avó, a guerreira dona Maria Inês.


Tua palavra, tua história,

Tua verdade fazendo escola,

E tua ausência fazendo silêncio em todo lugar [...].

Só enquanto eu respirar, vou me lembrar de você. ( O anjo mais velho - O Teatro Mágico)

domingo, 17 de janeiro de 2010

Recomeço

Há tempos que não atualizo o blog, não por falta de tempo, ou de inspiração, mas por acomodar-me em viver adiando o que é necessário fazer.

Muitas coisas me ocorreram neste período ausente, como entrar na faculdade e perder uma das pessoas que eu mais amava, a minha avó.

Ao relembrar-me do que escrevi no primeiro texto -  "até uma jornada de mil milhas começa com o primeiro passo", reconheço que estou atrasada, pois já faz muito tempo que deixei de contar meus passos pelos caminhos que venho percorrendo.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Somos todos escravos do espelho?



Desde a Grécia antiga o homem tem valorizado a estética, o culto a beleza, o corpo aperfeiçoado era sinônimo de força, virilidade, bravura. Hoje, mais do que nunca, as pessoas depositam demasiada importância a beleza física, vivemos numa era completamente visual.As academias nunca estiveram tão cheias e a maioria das pessoas que ali se encontram não estão preocupadas em cuidar da saúde, e sim em manter seus corpos bonitos.As indústrias farmacêuticas superam a venda de produtos emagrece dores, aqueles que prometem "milagres", as clínicas de estética superam seus orçamentos. Estes são os sintomas de um mal muito grave que o mundo vem sofrendo - a vaidade.Este é o ponto vulnerável das pessoas, porém é uma "carta na manga" para a indústria cultural, que utiliza a mídia para divulgar os estereótipos, como devemos nos vestir, qual penteado devemos usar, qual deve ser o nosso "peso".E assim, o excesso de vaidade faz com que o consumismo cresça absurdamente.
O apelo publicitário é grande, tudo é padronizado.E corretos estão aqueles que absorvem essa idéia, pois de acordo com o que a mídia veicula eles alcançam o sucesso na vida pessoal e conquistam a ascensão profissional.Quanta ilusão.
Ilusão que tem levado muitos a frustrações, doenças e até mesmo a morte, no caso de distúrbios psicoalimentares como a anorexia e a bulimia, muito comum em jovens do sexo feminino."Entorpecidas "pelo padrão do corpo escultural, tanto explorado pela publicidade.Elas não aceitam o próprio corpo, buscam desesperadamente o emagrecimento, ainda que já sejam magras.
Entre os rapazes a moda é o anabolizante, uma espécie de droga usada para "tonificar" o corpo.O uso indevido acarreta sérios danos a saúde, além de causar dependência, altera o sistema nervoso do usuário, deixando-o extremamente agressivo.
A situação é deprimente, tudo está contido na aparência, os relacionamentos, a vida profissional,a autoestima.CAÍMOS NO ESQUECIMENTO DE QUE A BELEZA ESTÁ ALÉM DO QUE SE VÊ.Não há uma fórmula para a beleza, já que todos somos diferentes, apresentando biótipos diferentes.
"É saudável e compreensivo que cuidemos do nosso corpo, contanto que saibamos fazê-lo de maneira equilibrada.Evitando nos contaminar com essa padronização que a mídia nos empurra, evitando que o narcisismo nos escravize, não correndo o risco de perder nossa identidade."
A aparência não deve estar acima da essência, é tolice acreditar que a personalidade está contida naquilo que se veste,na forma do corpo, na "moldura".A auto-estima se adquire com auto conhecimento.Só assim passaremos a enxergar além da imagem que é projetada no espelho, enxergaremos quem realmente somos, e então a aparência virá em segundo plano.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Até uma jornada de mil milhas começa com o primeiro passo...

E como é difícil dar o primeiro passo.Requer confiança, desinibição, coragem.
Então, aqui estou, dando o primeiro passo.Não apenas esboçando palavras, mas expondo minhas ideias e revelando meus sentimentos.
Sei que isso é arriscado, mas são os riscos que delimitam a vida.

Como disse Sêneca:

"Rir é correr risco de parecer tolo.
Chorar é correr o risco de parecer sentimental.
Estender a mão é correr o risco de se envolver.
Expor seus sentimentos é correr o risco de mostrar seu verdadeiro eu.
Defender seus sonhos e idéias diante da multidão é correr o risco de perder as pessoas.
Amar é correr o risco de não ser correspondido.
Viver é correr o risco de morrer.
Confiar é correr o risco de se decepcionar.
Tentar é correr o risco de fracassar.
Mas os riscos devem ser corridos, porque o maior perigo é não arriscar nada.
Há pessoas que não correm nenhum risco, não fazem nada, não têm nada e não são nada.
Elas podem até evitar sofrimentos e desilusões, mas elas não conseguem nada, não sentem nada, não mudam, não crescem, não amam, não vivem.
Acorrentadas por suas atitudes, elas viram escravas, privam-se de sua liberdade.
Somente a pessoa que corre riscos é livre!”